Não me diga que ela é abstrata
Pois pra mim ela tem cheiro
ela tem gosto
E palpita no peito e até maltrata...
Eu a escuto
Eu a sinto, quase a toco.
E quando ela me toca me assusta me ameaça...
E tão poucas vezes me liberta
Faz-me sentir que os momentos foram bons
E se não fossem ela não existiria
Não sentiria seu cheiro
Seu gosto
E as vozes
Ela sequer me sufocaria...
A saudade tem o gosto da lágrima,
E por vezes tem o brilho de um sorriso
Ela tem várias vozes, tantos nomes.
É poliglota
E por vezes idiota
Hora amarga hora doce
Ilumina,
escurece
É profana desatina...
É boa é má
É Alcoólatra
Encanta, me apavora...
Não me diga que ela é abstrata
Pois sei que
Essa saudade
posso até matá-la
E se não posso é ela quem me mata....
Por Moonlight.
Aos olhos da saudade como o mundo é pequeno.
Charles Baudelaire